O Congresso do Unia debruçou-se intensivamente sobre a perigosa iniciativa da SVP-UDC intitulada “Não a uma Suíça de 10 milhões (Iniciativa pela Sustentabilidade)”. Este também tinha sido o tema central da Conferência de Migração da União de Sindicatos Suíços (USS), realizada a 13 de setembro. Os participantes desta Conferência adotaram unanimemente uma resolução, porque para todos é claro: a iniciativa põe em risco salários, postos de trabalho e os direitos de trabalhadores e trabalhadoras.
Embora seja denominada “Iniciativa pela Sustentabilidade”, a iniciativa da SVP-UDC nada tem a ver com sustentabilidade e proteção do ambiente. O seu objetivo é, antes, acabar com a livre circulação de pessoas e denunciar os acordos bilaterais com a União Europeia (UE), bem como outros acordos e convenções internacionais de que a Suíça seja signatária, como a Convenção dos Direitos Humanos. Isto teria como consequência um enorme enfraquecimento da proteção salarial. O presidente da USS, Pierre-Yves Maillard, avisa: “A Suíça depende da migração. Pessoas que trabalham e vivem aqui têm de ser protegidas.” A iniciativa é um ataque às nossas conquistas sociais e fomenta divisões e insegurança.
Como afirma Hilmi Gashi, presidente da Comissão de Migração da USS: “Com a iniciativa, a SVP-UDC ataca frontalmente todos os avanços nos direitos de migrantes – atacando também, desta forma, as bases do nosso trabalho sindical.” A resposta do movimento sindical é solidariedade e organização coletiva. Não aceitamos a divisão de trabalhadores, e muito menos com base na sua origem ou estatuto de residência.
Os paralelismos históricos da iniciativa da SVP-UDC com a iniciativa de Schwarzenbach de 1970, que já na altura queria limitar a imigração, saltam à vista. O historiador Damir Skenderović recorda como os partidos da direita utilizaram uma retórica racista para tentar empurrar centenas de milhares de trabalhadores para fora do país. Hoje a história repete-se. A SVP-UDC inventa uma suposta crise e diz que tem uma solução. Mas as consequências da sua iniciativa seriam desastrosas. Como a presidente do Unia, Vania Alleva, tornou muito claro, esta iniciativa não só atingiria migrantes, mas todos os trabalhadores: “os instrumentos de proteção contra o dumping salarial e por condições de trabalho dignas, pelos quais tanto temos lutado, deixariam de existir.” Dizendo enganosamente que defende a sustentabilidade, o que a SVP-UDC quer efetivamente é implementar uma política desumana que separa famílias e isola a Suíça internacionalmente.
Uma forma de combatermos esta perigosa iniciativa é o nosso empenho e a participação política. Porque participar na construção de uma sociedade justa também é possível sem o passaporte suíço – e é urgentemente necessário. Por isso, pessoas migrantes devem não só reagir aos ataques da direita radical e racista, mas devem participar ativamente nesta construção. São várias as possibilidades de participação política sem passaporte suíço: em iniciativas locais, através do trabalho sindical ou de empenho em iniciativas e projetos da sociedade civil. Também o empenho junto da própria comunidade linguística é importante, informando e esclarecendo as pessoas, mobilizando-as para uma participação social ativa e abertura para com pessoas de outras culturas.
Os sindicatos estão unidos contra a propaganda da extrema-direita e a favor de uma sociedade solidária. Isto está expresso claramente na resolução adotada pela Conferência da Migração da USS. A iniciativa da SVP-UDC é um ataque aos valores fundamentais da Suíça e a todos os trabalhadores – e a única resposta possível a este ataque é um rotundo «não».
Resolução em alemão, francês