A raiva e o cansaço de muitos trabalhadores portugueses são compreensíveis: os salários são baixos e o custo de vida está a subir drasticamente. Mais de 2,8 milhões de pessoas recebem apenas o salário mínimo de 870 euros brutos (cerca de 773 euros líquidos). 1,9 milhões não têm horário de trabalho regulado, e 1,3 milhões trabalham em condições precárias.
Apesar desta realidade, uma parte significativa da classe trabalhadora – inclusive muitos compatriotas nossos na Suíça – votou no partido de extrema-direita Chega nas últimas eleições. Transformar esta frustração em apoio a partidos como o Chega é um caminho perigoso.
Ele não defende os trabalhadores – manipula o descontentamento para promover a divisão, espalhar desinformação e enfraquecer os direitos sociais e laborais:
Faz uma guerra de classes travestida de patriotismo.Quem vota Chega não vota mudança – vota repressão, desigualdade e destruição da democracia. Portugal precisa de investimento público, salários dignos, contratos estáveis e serviços acessíveis a todas e todos – não de populismo reacionário. Como sindicato, não podemos ignorar este sinal de alerta.
Devemos escutar com atenção o descontentamento das nossas bases, sem o estigmatizar. Precisamos de criar espaços de diálogo político e de formação crítica, onde os membros possam refletir sobre o que está realmente em jogo. Devemos reforçar a proximidade com os trabalhadores e trabalhadoras, dar respostas concretas aos seus problemas, mostrar que só a solidariedade e a ação coletiva trazem mudanças duradouras. O caminho é mais justiça social – não o ódio. Só com união, participação e consciência de classe podemos defender os direitos de todos e todas.