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Eleições em Portugal

Quando a frustração se transforma numa armadilha - Chega não é a solução

A raiva e o cansaço de muitos trabalhadores portugueses são compreensíveis: os salários são baixos e o custo de vida está a subir drasticamente. Mais de 2,8 milhões de pessoas recebem apenas o salário mínimo de 870 euros brutos (cerca de 773 euros líquidos). 1,9 milhões não têm horário de trabalho regulado, e 1,3 milhões trabalham em condições precárias.

Transformar esta frustração em apoio a partidos como o Chega é um caminho perigoso.

Apesar desta realidade, uma parte significativa da classe trabalhadora – inclusive muitos compatriotas nossos na Suíça – votou no partido de extrema-direita Chega nas últimas eleições. Transformar esta frustração em apoio a partidos como o Chega é um caminho perigoso.

Chega soube aproveitar a frustração

Ele não defende os trabalhadores – manipula o descontentamento para promover a divisão, espalhar desinformação e enfraquecer os direitos sociais e laborais:

  • Disse que os novos migrantes recebem mais subsídios do que os portugueses – mentira.
  • Disse que a Segurança Social está em colapso – quando na verdade atingiu em 2024 o seu ponto mais alto desde a fundação.
  • Quer rever a Constituição para limitar o direito à greve – um ataque frontal aos direitos sindicais.
  • E assiste, sem oposição, à privatização da saúde pública – embora Portugal tenha um dos sistemas públicos de saúde mais exemplares do mundo.

Chega põe os trabalhadores contra os trabalhadores

Faz uma guerra de classes travestida de patriotismo.
Quem vota Chega não vota mudança – vota repressão, desigualdade e destruição da democracia. Portugal precisa de investimento público, salários dignos, contratos estáveis e serviços acessíveis a todas e todos – não de populismo reacionário. Como sindicato, não podemos ignorar este sinal de alerta.

O caminho é mais justiça social – não o ódio.

Devemos escutar com atenção o descontentamento das nossas bases, sem o estigmatizar. Precisamos de criar espaços de diálogo político e de formação crítica, onde os membros possam refletir sobre o que está realmente em jogo. Devemos reforçar a proximidade com os trabalhadores e trabalhadoras, dar respostas concretas aos seus problemas, mostrar que só a solidariedade e a ação coletiva trazem mudanças duradouras. O caminho é mais justiça social – não o ódio. Só com união, participação e consciência de classe podemos defender os direitos de todos e todas.