A máxima “dividir para reinar” está no centro da estratégia de certos empregadores e da direita, que procuram manter a classe trabalhadora numa posição vulnerável através da promoção da xenofobia. O resultado é o enfraquecimento da representação dos interesses de todos aqueles que vivem do seu trabalho.
Na Suíça, um quarto da população não possui nacionalidade suíça, embora a grande maioria viva permanentemente no país, trabalhe e contribua há décadas para a famosa prosperidade suíça. Para as elites políticas e económicas, a questão nunca é reduzir a imigração (os trabalhadores estrangeiros são indispensáveis), mas sim manter as pessoas sob pressão constante. As condições para a concessão e renovação de autorizações de residência e trabalho permitem o controlo sobre a força laboral: o medo de perder a autorização impede muitas pessoas de reivindicar os seus direitos.
A iniciativa “Não à Suíça com 10 milhões de habitantes”, também chamada de “Iniciativa pela Sustentabilidade”, leva à redução automática dos direitos dos trabalhadores quando a população residente na Suíça ultrapassa os 10 milhões. Atualmente, vivem no país cerca de 9 milhões de pessoas. Este objetivo de explorar mão de obra barata, submissa e facilmente substituível não é segredo. Christoph Mörgeli, da SVP, expressa-o sem rodeios: “A flexibilidade do mercado de trabalho exige uma migração laboral temporária e subordinada, para não pôr em risco a ordem social e os salários suíços.”
Como podemos combater isto? Lutando solidariamente contra os mecanismos de exclusão – no local de trabalho, na rua, nos bairros e nas urnas – e promovendo a consciencialização. Os trabalhadores criam riqueza. Sem respeito pelos seus direitos, não pode haver política legítima. Com o falso argumento da “sustentabilidade”, a SVP promove mais uma campanha xenófoba – com o objetivo de baixar os salários de todos os trabalhadores na Suíça.
Marie Saulnier Bloch, Secretária Nacional para Migração/Assuntos Internacionais do sindicato Unia (adaptado por Marek Wieruszewski)