Delegados ao Congresso do Unia de 2025 junto à palavra Unia.
Delegados do grupo de migração ao Congresso do Unia - por justiça social!
Migração
Política

Juntos por justiça social

- Emine Sariaslan

O 5.º Congresso Ordinário do Sindicato Unia realizou-se em Brig, no Valais, sob o lema “Juntos por justiça social". Os 400 delegados ao congresso definiram as prioridades políticas do sindicato, elegeram os novos órgãos e deram um forte sinal por um futuro de solidariedade.

No seu discurso de abertura, a presidente do Unia, Vania Alleva, alertou para o crescimento das forças da direita e apelou a um empenho firme pela proteção salarial, pelos direitos dos trabalhadores e pela participação democrática e sublinhou a importância da luta coletiva. "O medo e a falta de esperança levam-nos à desorientação. Tempos difíceis devem ser um incentivo para termos uma ainda maior intervenção por solidariedade, justiça, direitos para todos e participação democrática. Nestes tempos exigentes, os sindicatos são mais importantes do que nunca", afirmou a presidente.

Proteger salários – aumentar direitos!

A proteção da livre circulação de pessoas e a luta contra a iniciativa da SVP-UDC, que pretende limitar a imigração para a Suíça, estiveram no centro dos trabalhos do primeiro dia do congresso. O Unia reafirmou que o princípio “Salário igual para trabalho igual no mesmo lugar” se mantém inabalável. 

Membros do Grupo de Interesse Migrações, como Sudabeh Kassarian e Olga Pisarek, sublinharam a responsabilidade do sindicato na luta contra o racismo estrutural e a clivagem social. “Nós, migrantes, fazemos tanto trabalho e, apesar disso, sem sempre temos os mesmos direitos ou o mesmo reconhecimento pelo nosso trabalho. Os ricos e os poderosos ganham quando nos dividem em suíços e estrangeiros, «nós» e «os outros», em «legal» e «ilegal». Mas nós dizemos: basta! Não nos deixamos dividir, lutamos juntos pelos nossos direitos.”

Mais direitos para migrantes

Os delegados também exigiram direitos de estadia seguros em vez de autorizações de estadia precárias, nada de expulsões devido à receção de ajuda social, o reconhecimento mais fácil e rápido dos diplomas tirados no estrangeiro, que a migração laboral seja legal e naturalização sem barreiras financeiras e segundo critérios objetivos.

Do Paquistão até à Europa

A convidada Zehra Khan relatou no seu discurso combativo e inspirador como ela em 2009 criou no Paquistão o primeiro sindicato para mulheres que trabalham para a indústria a partir de casa e, assim, conseguiu dar uma voz a milhares de trabalhadoras invisíveis do sector informal. “O nosso movimento faz parte de uma iniciativa global que exige a responsabilização das empresas. Isto inspirou legislação com o objetivo de responsabilizar multinacionais pelas condições de trabalho nas cadeias de abastecimento. Também as empresas europeias e suíças têm a sua responsabilidade. A diretiva europeia relativa ao dever de diligência das empresas e a iniciativa suíça de responsabilidade de empresas multinacionais são passos importantes para condições de trabalho justas.”

Proteção contra o despedimento e debate sobre a Palestina

Por iniciativa do Ticino, os delegados decidiram unanimemente elaborar, até 2026, uma iniciativa pela proteção contra o despedimento. Além disso, os delegados exigiram também do Conselho Federal uma clara tomada de posição pela defesa dos direitos do povo palestiniano. Num debate emocional, foi exercida crítica à posição que o Unia teve até ao momento, caracterizada por alguma reserva em relação a este assunto. Os delegados aprovaram unanimemente um catálogo de reivindicações para apoio da população civil da Palestina – debate este acompanhado pela palavra de ordem “Liberdade para a Palestina”. Céline, do Grupo de Interesse Juventude, sublinhou: “Nós estamos do lado das pessoas – não de governos, interesses de poder ou estratégias militares. É essa a essência da solidariedade sindical: nada de dupla moral nem silêncio. Temos de parar o genocídio na Palestina e de nos solidarizar com a população civil”.